Futebol

Santos vive eterno recomeço

Paulo Turra, novo técnico do Santos, tem a missão primária de afastar o time da zona do rebaixamento no Brasileirão

O Santos está em décimo terceiro lugar na tabela de classificação do Campeonato Brasileiro 2023, mas com apenas 2 pontos de diferença do Goiás, que abre a zona de rebaixamento da competição. Na última partida, o preocupante foi a forma passiva como o Santos se posicionou frente ao Flamengo, o que não é comum quando joga na Vila Belmiro.

Perder para o time carioca não foi surpresa, pois trata-se de uma das equipes mais organizadas do futebol brasileiro. Mas, a apatia mostrada em campo é apenas um dos reflexos da gestão conturbada de Andrés Rueda, na qual foram efetuadas sete trocas de comissão técnica.

A gestão de Rueda, está em seu terceiro ano, mas o Santos não consegue se firmar e voltar a ter o DNA ofensivo, que sempre foi sua marca histórica. Com Odair Hellmann, o último técnico demitido, o Santos apresentava maior segurança defensiva, o que refletia positivamente, pois não sofria muitos gols.

Nos setores de meio de campo e ataque, o Santos tem bons jogadores e não se apresenta tão deficitário. Com Soteldo, Lucas Lima e os atacantes Marcos Leonardo, Ângelo Gabriel e Mendoza o time, até consegue, ter bom rendimento ofensivo. Mas, as dificuldades coletivas que a equipe enfrenta, impedem que a regularidade nos resultados seja mantida.

Assim, as oscilações tem sido constantes no cenário da equipe santista e tem tirado a paciência dos torcedores. Manifestações violentas de alguns membros da torcida organizada durante o jogo contra o Corinthians, levaram à demissão do técnico Odair Hellmann e à punição pelo STJD para jogar sem torcida por 30 dias, em competições gerenciadas pela CBF.

Pelo terceiro ano seguido, o Peixe não se classificou para as quartas de final do Campeonato Paulista, além de ter que lutar pela permanência na Série A1. Nesta temporada, já foi eliminado da Copa do Brasil, perdendo para o Bahia, na fase de oitavas de final. Além disso, não tem mais chances de permanecer na disputa da Copa Sul-Americana, pois está em terceiro lugar do grupo, com apenas 4 pontos.

Neste último jogo pelo Brasileirão, o Santos foi comandado pelo interino Claudiomiro e não foi minimamente competitivo ao receber o Flamengo na Vila Belmiro. O time carioca, mesmo não estando taticamente em seu mais alto nível, conseguia penetrar com facilidade na defesa santista, sem que houvesse resistência.

O placar de 3 a 2 não denotou a realidade do jogo, pois quando o Flamengo tinha lucidez para tocar a bola, envolvia o Santos com facilidade. O Santos só conseguiu marcar dois gols aproveitando a fragilidade defensiva que o rubro-negro carioca possui. O Flamengo quando tem a posse de bola é tecnicamente equilibrado, mas ainda não conseguiu adquirir a segurança defensiva necessária, sofrendo muitos gols.

O novo técnico contratado pelo Santos foi Paulo Turra, que foi o fiel escudeiro de Felipão por muito tempo, sendo seu auxiliar direto. Quando Felipão assumiu o cargo de dirigente no Atlético-PR, Turra foi promovido à técnico oficial. Estava fazendo bom trabalho, pois o time paranaense foi campeão estadual, permanece na disputa da Copa do Brasil e da Libertadores e está entre os dez primeiros colocados no Brasileirão. Mas, foi demitido quando Felipão assumiu o comando técnico do Atlético-MG e estava livre no mercado.

Em termos táticos, são semelhantes os conceitos de Paulo Turra e Odair Hellmann. Ambos seguem plataforma conservadora, que valorizam as questões defensivas. São adeptos de, primariamente, organizar a defesa, jogando em transição e apostando na velocidade de atacantes abertos pelos lados. Assim, acredito que o Santos não terá grandes mudanças no modo de jogar.

Pelos anos de trabalho ao lado de Felipão, acredito que Turra saberá trabalhar a questão motivacional, que no momento tem grande peso na equipe do Peixe, uma vez que está sendo pressionado pela torcida e mostra-se frágil emocional e taticamente, diante de qualquer adversário.

A organização da equipe em campo, ou a falta dela, é altamente influenciada pelo modelo de gestão administrativa adotado pelo clube. E, no Santos isso é um fato recorrente, com problemas de ordem política, financeira e administrativa, que estão culminando em desordem tática.

Infelizmente, a realidade atual do Santos, se resume em evitar o rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Agora, o objetivo não deverá ser jogar bonito, mas sim, vencer algumas partidas para se afastar do perigoso Z4. Essa, é a triste realidade de um time que já foi sinônimo de futebol arte e hoje não tem nenhuma identidade tática.

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