Análise: Corinthians aprende com erros, muda postura em três dias e passeia na Sul-Americana
Timão mostra o que faltou contra o Flamengo, se impõe jogando em casa e tem uma das melhores atuações na temporada em partida crucial para seguir na briga pelo título continental
Diferentemente da postura vista contra o Flamengo, no sábado passado, na derrota pelo Brasileirão, o Corinthians mostrou a postura esperada para ao menos brigar pelo resultado. Claro que nem sempre isso é sinônimo de vitória, mas se impor – ou ao menos tentar – é requisito básico.
Na vitória sobre o Argentinos Juniors por 4 a 0, na noite de terça-feira, pela Copa Sul-Americana, o Corinthians talvez tenha feito o seu melhor primeiro tempo em 2024, com os requisitos que o torcedor deseja ver com frequência: imposição, pressão e eficiência.
O resultado garante ao Corinthians um maior conforto para tentar avançar para as oitavas de final da Conmebol Sul-Americana. O Timão depende apenas de si para ficar com a liderança do Grupo F e avançar com a vaga direta à próxima fase.
O cenário é o seguinte: com dez pontos, um a menos que o líder Racing-URU, o Corinthians precisa vencer o time uruguaio para ultrapassá-lo na classificação e encerrar a fase de grupos na liderança. O confronto direto entre eles será em 28 de maio, às 19h (de Brasília), na Neo Química Arena.
Se não conseguir isso, ao menos está garantido na repescagem contra algum dos terceiros colocados da Conmebol Libertadores, em uma nova fase que também dá vaga nas oitavas de final.
Pressão e intensidade
António Oliveira fez uma observação pertinente em sua análise após a derrota para o Flamengo, pelo Brasileirão:
– Acho que eficácia é a palavra que se mais adequa a essa situação – disse o técnico, sobre a falta de bons resultados no ínício do Campeonato Brasileiro.
A eficácia cobrada pôde ser vista nos primeiros 45 minutos contra o Argentinos Juniors. O Corinthians teve menor posse de bola (48% contra 52% do rival), mas em termos de efetividade levou vantagem de sobra.
Em 12 finalizações na primeira etapa, seis dela acertaram o gol do Argentinos Juniors. E três gols foram marcados. O primeiro deles logo aos 11 minutos. Yuri Alberto aproveitou jogada ensaiada, apareceu entre os marcadores e cabeceou firme, no canto, para colocar o Timão em vantagem.
Com bom volume de jogo e ótima atuação de Fagner, o Corinthians seguiu o ataque pressionando. É importante ressaltar que, nos primeiros minutos, foi o Argentinos Juniors que sufocou a saída de bola e incomodou os donos da casa.
Na reta final do primeiro tempo, dois gols em sequência usando a mesma estratégia feita pelo rival no início do jogo. Em pressão na saída de bola do Argentinos Juniors, Romero conseguiu recuperar a bola e tocar de cabeça para Wesley, que viu o goleiro adiantado e tocou por cima para marcar um belo gol, aos 40 minutos.
Na saída de bola após sofrer o gol, Yuri Alberto pressionou os marcadores, recuperou a bola e tocou na saída do goleiro para coroar uma bela exibição na primeira parte do jogo.
Queda natural
Com o resultado praticamente construído, António Oliveira promoveu cinco mudanças ao longo do segundo tempo. Com menos intensidade e cedendo mais espaços ao Argentinos Juniors, que teve ao menos três boas chances de marcar, o Corinthians administrou o resultado.
Paralelamente ao controle do jogo, o Timão conseguiu dar ritmo a jogadores que não vinham atuando com maior frequência: Gustavo Henrique, Fausto Vera, Igor Coronado e Pedro Raul ganharam minutos em campo e ritmo.
A outra mudança foi a entrada de Gustavo Mosquito. Com um ataque modificado e um meio de campo com outras duas peças novas, o Corinthians não conseguiu manter o volume de criação ofensiva que teve na primeira etapa.
No minuto final, Fausto Vera desencantou e marcou o seu segundo gol com a camisa do Corinthians, justamente contra o seu ex-clube. O volante brigou na entrada da área, ficou com a bola e finalizou para marcar o quarto gol e sacramentar a vitória.
O Argentinos Juniors até terminou a partida com mais posse de bola, quase 60%, mas o Corinthians levou vantagem no número que importa: 4 a 0 no placar e mais três pontos na tabela.